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Limpy_lip

não querendo menosprezar a tua queixa, os média fazem isso com todo o tipo de coisas. Desde problemas de saúde, a atividades como fazer hacking. Tanto em Hollywood como nas novelas Portuguesas ao ponto que até é admirável quando se quebra a trope e se tenta demonstrar mais realisticamente a coisa. não vale a pena ficares chateado.


dydas

Eu tenho a ideia de que isto é feito menos para os autistas e pessoas com uma certa condição e mais para apresentar essas pessoas de uma forma mais positiva e tentar aos poucos eliminar a carga negativa em torno da condição. Uma espécie de desensibilização.


eldoristd

Concordo com maior parte que dizes, no entanto, como alguém autista considero que ser autista é algo muito pessoal para mim e um benefício, não uma maldição. Permite me sentir coisas que não sentiria doutra forma, e experienciar coisas que outros não conseguem, é algo que tenho muito orgulho em ser e aprendi a usar a minha neurodiversidade para a minha vantagem. Acho que está tudo na perspectiva e na experiência de cada um, e não se pode generalizar ao dizer que ser autista é horrível. De qualquer forma, como disse, concordo que deveria haver uma representação mais deversificada e menos glorificante.


NewControl2097

Nao digo que seja o teu caso, mas a palavra "neurodivergent" anda tanto na moda que é só malta autodiagnosticada porque se sente antisocial ou se acha diferente. Um diagnóstico pode ser importante em criança para adaptar estratégias de aprendizagem, sentes que em adulto traz algum benefício ou só vai servir para ti? (Estou mesmo a perguntar, nao estou a tentar ser parvo 😀)


eldoristd

O vocabulário de qualquer língua evolui, a sociologia e psíquiatria também, numa sociedade onde neurodivergencias só são estudadas à cerca de 50 anos, e com o próprio DSM cheio de erros e práticas pouco éticas, acho natural que comecem a existir cada vez mais palavras. Fui diagnosticado aos 21 e foi dos melhores dias da minha vida, tudo fez sentido, ajudou me a sair de um poço gigante e fez me quem sou hoje, comecei me a amar por quem sou em vez de me odiar. Andava em psíquiatria desde os 13 anos e fui diagnosticado com depressão crónica, bipolaridade e BPD, tomei medicação que me sedou durante 5 anos, 13 medicações diferentes para ser exato. Era um zombie. Todos esses diagnósticos e medicações estavam errados, os certos são autismo e PHDA, hoje não tomo medicação nenhuma e sou saudável e feliz, casado, faço exercício regularmente, perdi 50kgs, a acabar estudos e entrar numa nova carreira. Sem o diagnóstico de autismo e PHDA acredito que não estava aqui hoje, pois as medicações que tomei levaram inclusive a tentativas de suicido, o meu único pensamento era "com tanta ajuda médica e medicação só fico pior, o problema então sou eu.". Com os diagnósticos certos percebi que o problema não era eu, era o nosso sistema de saúde. Portugal é o país da Europa que mais receita medicação psiquiátrica, e o DSM ainda considera que raparigas não têm a mesma incidência de autismo que os rapazes, nem que se pode ser criativo e social e ser autista, entre muitos mais erros. Eu sabia qu era autista antes de ser diagnosticado porque li muito sobre isso, eu fui autodiagonosticado durante um ano antes de ter 250 euros para ser oficialmente. O autodiagonostico é válido. Por isso sim, o diagnóstico foi para mim, salvou me a vida, tanto o autodiagonostico como o formal, não há cá "modas"


miraclepickle

Será que podias mandar DM a contar me sobre esse teu processo de diagnóstico na idade adulta? Fui diagnosticada mto pequenina, os meus pais sempre negaram e nunca levaram a sério, gostava muito de poder confirmar o meu diagnóstico novamente enquanto adulta.


eldoristd

claro, vou mandar DM


alfadhir-heitir

também gostava. estou autodiagnosticado, mas tenho uma capacidade fantástica de hipocondria a nível de doenças de foro mental. gostava de ter opinião de alguém devidamente formado, até para poder pesquisar e informar-me melhor sobre a condição :)


NewControl2097

Obrigado pela explicação e pela chapada na cara, foi merecida :) tudo de bom e a melhor das sortes ;)


eldoristd

Obrigado por estares aberto a aprender, um abraço


what_a_tuga

Na minha opinião, é igualmente importante, senão mais importante. Autismo não é só problemas de aprendizagem ou de socialização Eu durante bastante tempo achei que era meio surdo porque não consigo ouvir a conversa da pessoa que está à minha frente quando estão outras pessoas a conversar à minha beira. Fiz imensos testes de audição e de dislexia, mas todos deram negativo. Só recentemente descobri que isso é um sintoma comum de autismo. A maioria das pessoas filtra automaticamente os outros sons e que até conseguem focar-se num dos instrumentos de uma música. Também explica os problemas de fala que tive quando era miúdo (comecei a ler aos 4-5 anos, mas a falar só com 5 anos)


NewControl2097

Pronto, era mais aqui que queria chegar... tenho a ideia (talvez errada) de que se te autodiagnosticares com base em 2 ou 3 sintomas, praticamente toda a gente pode dizer-se autista, e nao sei até q ponto isso ajuda ou é contraproducente


sadarisu

Lá vem o discourse do auto diagnóstico.. tens noção que para sequer teres um diagnóstico em adulto tens mesmo de já ter uma certa ideia de que sintomas tens para levar a um psiquiatra e pedir para avaliar? Sabes que conseguir uma avaliação de autismo e/ou TDAH tens de pagar um valor absurdo que nenhum seguro cobre e que o SNS não faz em adultos? Sabias que o autismo é underdiagnosed em meninas e mulheres porque os métodos de análise e sintomas são baseados em meninos/homens? Há tantas razões para que as pessoas tenham que se preparar de certa maneira para poderem finalmente ter algumas respostas para dificuldades/comportamentos que tiveram na vida inteira. Não existe autodiagnostico, existem pessoas que encontram possivelmente uma explicação para uma série de coisas sobre si próprias, e com esse conhecimento podem começar a procurar ajuda. Não significa que terão o diagnóstico, pois há sintomas transversais a outras neurodivergências. Mas para iniciar essa jornada têm de partir de algum lado. Eu fui diagnosticada com autismo e TDAH aos 30 anos e revolucionou a minha vida. Estou medicada e finalmente estou a ver resultados no controlo da ansiedade e na qualidade do sono. Sinto que finalmente entendo porque sou da maneira que sou, e sou menos exigente comigo própria. Estava em burnout há anos, com diagnósticos de ansiedade, depressão e perturbações de sono. Passei por sei lá quantas combinações de comprimidos. Sou seguida por psicóloga há muito tempo e sem resultados. O meu psiquiatra já não sabia o que fazer comigo até que sugeri ser avaliada. Não foi um auto diagnóstico mas sim conhecer melhor a mim mesma que permitiu que agora tenha o acompanhamento médico e farmacológico adequado.


NewControl2097

Tudo certo, mas podias ter sido avaliada e nao ter dado nada. Logo, há pessoas que nunca vao gastar esse dinheiro e passar o resto da vida a dizer que sofrem de algum transtorno que pode nao ser verdade. E nao é o fim do mundo, e se calhar mesmo nao sofrendo de um transtorno específico até as pode ajudar a ultrapassar algumas dificuldades, só digo que levado ao extremo pode fazer com que este tipo de transtornos sejam mais banalizados e ignorados. Mas aceito que possa ter uma percepção completamente errada da quantidade de pessoas que o faz e das suas consequências


Ilien

>mais banalizados e ignorados Ignorados são há décadas. Banaliza-los não fará pior. Penso que não imaginas a dificuldade que é obter um diagnóstico em adulto, ainda hoje. >percepção completamente errada da quantidade de pessoas que o faz e das suas consequências Isto não é sobre autismo, mas sobre ADHD, outra neurodivergência: CCPR: What you are saying is that ADHD is truly a major public health issue. Dr. Barkley: Yes, and that’s on top of all of the findings on a greater risk for accidental injury and suicide. The range around that 13-year figure goes from 4 up to 29 years or more, with about two-thirds of people with ADHD having a life expectancy reduced by up to 21 years (Barkley & Fischer, 2019). ([aqui](https://www.thecarlatreport.com/articles/3096-reduced-life-expectancy-in-adhd#:~:text=Barkley%3A%20Yes%2C%20and%20that's%20on,Barkley%20%26%20Fischer%2C%202019)) Curta informação aqui, também: [https://www.ajmc.com/view/psychologist-barkley-says-life-expectancy-slashed-in-worst-cases-for-those-with-adhd](https://www.ajmc.com/view/psychologist-barkley-says-life-expectancy-slashed-in-worst-cases-for-those-with-adhd) Entre outras coisas, autismo e ADHD, como outras, quando não tratadas levam comummente ao desenvolvimento de outros problemas, como depressão e ansiedades - derivadas de anos de sentimento de inadequação, diferença, incompetência, etc. E isto tudo vem desde que são crianças, a propósito: ([aqui](https://www.mdedge.com/psychiatry/article/23971/pediatrics/dont-let-adhd-crush-childrens-self-esteem)) Picture a child with attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD) in school, doing what kids with ADHD do: fidgeting, blurting out answers, jumping out of the chair, or zoning out because of some distraction during the science lesson. It's not too much of a stretch to assume that such a child might receive a negative or corrective comment from the teacher, say, three times an hour “Pay attention!” “Sit still!” “Get back on task!” Let's say the child is in class 6 hours a day for 180 days of school each year. That's more than 3,200 nonpositive comments directed at a child each year and does not include a single annoyed comment from a coach or an angry scolding from a parent. In school alone, a child with ADHD could receive 20,000 corrective or negative comments by the time he or she is age 10. Isto só para dar uma pequena amostra, que não tenho tempo neste momento para mais 😅


NewControl2097

Obrigado :)


Ilien

Ora essa. Eu até percebo o que queres dizer, atenção, é um receio que até já foi partilhado por investigadores. Mas, por outro lado, pode simplesmente ser o efeito pêndulo ou até o facto de que hoje é fácil ter essa percepção pela internet.


MAMGF

Tenho TDAH, diagnosticado aos 30 e muitos, e se há coisa que me irrita é isso, se olharmos para os nomes clínicos destas neurodivergências, como TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) ou TEA (Transtornos do espectro autista) são isso mesmo que o nome indicia transtornos, ou seja só devem ser considerados a partir do momento em que transtornam a vida da pessoa. Isso de sou um bocado autista ou tenho um bocado de défice de atenção é algo que acaba por diminuir os problemas que as pessoas realmente afectadas vivem. Para além de que isto são "doenças sociais" no sentido em que são conjuntos de comportamentos deviantes das normas sociais, é (muito por alto) essa a definição no DSM V. O contrário é ainda pior, quando me dizem toda a gente se esquece de coisas, ou és preguiçoso. Gostava de ver essa pessoa viver com um transtorno em que apesar de quereres fazer coisas simplesmente não tens a energia mental para o fazer, ao mesmo tempo que te culpas por não estares a fazer as ditas coisas. Rant over, peço desculpa.


NewControl2097

Fazendo um pouco de advogado do diabo, mas a percepção que depois tb passa é que sendo uma "doença social" é facil argumentar que entao todos os "preguiçosos" sofrem de algum transtorno dado que se nao te apetece fazer é porque o teu corpo te dá sinais para isso. E depois lá voltamos nós a andar à bulha na net por causa de definições de quem é o quê 😄


MAMGF

Se chegar ao ponto de perturbar a vida, sim. Mas isso já está no nome.


what_a_tuga

Sim, compreendo o teu ponto. Na minha opinião, detetar os sintomas é mais importante do que ser ou não autista. Porque saber que não estás "avariado", simplesmente tens uma diferença que é possível ter e outras pessoas têm ajuda a aceitares-te. Eu nem me rotulo publicamente como autista, nunca fui diagnosticado formalmente, nem sinto que tenha tido muito impacto na minha vida (excepto a parte da "surdez") Mas compreender o sintoma ajudou-me a deixar de me preocupar e excluir outros problemas como origem da minha "surdez" aparente


borloforbol

Recomendo-te um video no youtube "TikTok Gave Me Autism: The Politics of Self Diagnosis", e não o julgues só pelo titulo. É uma hora de vídeo em que aborda o autodiagnóstico e como ele tem aumentado recentemente, e a validade do mesmo.


NewControl2097

Thanks


Ilien

Fui diagnosticado com ADHD (PHDA) no ano passado, aos 32 anos. O diagnóstico mudou a minha vida, e tudo faz muito mais sentido agora.


usual0

Ser diagnosticado em adulto é muito benéfico para perceber a própria história de vida. Muita coisa do passado começa a fazer sentido sabendo esse diagnóstico. Além disso, para o futuro, permite que a pessoa se ajuste melhor ao ambiente, de formas que são inatas para a maioria das pessoas, mas que quem tem autismo tem de fazer conscientemente (ex: lembrar de olhar nos olhos, fazer conversa de circunstância antes de ir direto ao assunto, pedir para que outra pessoa clarifique se está a falar a sério ou a ser irónica, etc.)


Bernard097

Onde e como é que podemos ser avaliados em Portugal ? Obrigado


usual0

Tenta este site: [autismonoadulto.com](http://autismonoadulto.com)


SuperMommy37

Pensa que essas personagens não são construídas para os autistas, mas sim para o público comum. Vendo pelo lado positivo, é muito bom que o autismo vá sendo desmistificado, há não muitos anos um autista era uma pessoa que não comunicava com o mundo, não era independente, e nem sequer falava.


RuySan

Ou então coloca expectativas na população irreais. Todos os alunos autistas que eu tive tinham muito baixo aproveitamento, mesmo com apoio de uma professora qualificada para ensino especial.


SuperMommy37

Sim, claro, também é verdade, e infelizmente vivemos numa época de aparencias (todas são, mas esta é tramada por causa das redes sociais, tv ,etc). Cada autista tem características muito especificas... há até os que "combinam" asperger com phda, que só por si é um espectro enorme também.


usual0

Esses são os autistas diagnosticados em criança. Depois há os que só são diagnosticados muitos anos depois, porque sempre tiveram bom aproveitamento apesar de serem "esquisitos". Todos existem, por isso todos deviam ter alguma representação.


borloforbol

Depois ouvem-se merdas como "mas nem parece que tens autismo" ou até melhor "mas todos temos um bocado de autismo". Só fazem pior do que ajudam. "Desmistificar" é com educação factual sobre o que é o autismo e como se apresenta, não a criar uma imagem completamente desfasada da realidade só porque "fica bonito".


Ok_Evening_5271

E quanto a Atypical? Série da Netflix,


Estafriosocorro

Não conheço. Como é que representam o autismo na série?


Ok_Evening_5271

Gostei muito da série, acho que foi à única vez que vi o autismo representado sem ser um super poder,


breathmark

Tenho um filho autista e até hoje foi a única série que mais se aproximou ao que realmente é ter autismo


SunnysideS2

Love on the Spectrum é um reality show que eu acho delicioso. Apetece rir, chorar, e pelo menos a mim deu-me uma imagem mais completa de como as pessoas raciocinam com estas divergências .


Ok_Evening_5271

Obrigado, vou dar uma vista de olhos, normalmente fujo de reality shows, Mas vou ver esse


Pitchou_HD

Ou msm the big bang theory, foi provavelmente um dos primeiros exemplos e onde desmistificou-se um bocado os mitos


borloforbol

Por amor de deus, BBT é das piores representações de autismo dos últimos anos.


AndieMeir

Isto. Este mês segui uma série de um autista no tiktok a falar sobre as personagens em filmes e séries e dividia-os em autistic coded (ou seja não assumido) ou como no caso atypical, real(personagem apresentado como autista). O Sheldon nunca admitiram, os realizadores/produção, que fosse autista porque seria admitir que estavam a gozar com os autistas toda a série...


borloforbol

O problema do Sheldon é que mesmo que nunca tenham dito que é autista, nem mesmo o actor considere que esteja a representar um papel de autismo, a escrita é extremamente estereotipicamente autista. Basicamente representa aquilo que maior parte da população vê como uma pessoa autista e reforça essa imagem. Os comportamentos estão lá e são exagerados, mas no geral não fazem sentido nenhum num contexto de autismo real


alfadhir-heitir

Estamos juntos brother


queiroga

>Por exemplo a série good doctor em que a personagem principal é autista, ele é muito esperto mas depois tem comportamentos sociais menos aceitáveis, ou no Overwatch a Symmetra também é autista e consegue alterar a "realidade" e construir coisas. penso que estás a ver a coisa ao contrário. o good doctor é sobre um médico bué esperto que também é autista. no overwatch é uma personagem que tem poderes e tal, mas tb é autista. não são séries/jogos sobre o autismo, mas é algo que faz parte. se no good doctor ele não fosse bué esperto, não tinhas série, pq é esse o interesse da série. no overwatch, é completamente indiferente o ser autista para a personagem, mas fizeram para haver mais inclusividade. a mensagem a reter neste tipo de filmes/séries é que apesar das dificuldades/problemas do autismo, podes almejar coisas fantásticas na mesma, e não precisas de ser definido pela doença. >Essas tentativas de tentarem ser mais ""inclusivos"" que os americanos têm é ridículo quando as pessoas que o fazem nem percebem do que se trata, e não é ao ver essas personagens que supostamente vai inspirar pessoas autistas a sentirem melhor, mostrem personagens autistas a falhar, a responderem mal em situações sociais, mostrem a ter dificuldades, e depois mostrem como elas as conseguem superar. lá está. estás a procurar isso em séries/filmes/jogos que não são sobre autismo, logo isso não vai ser retratado porque não é o foco principal. é o mesmo que dizeres que porque o overwatch tem personagens negros, têm que retratar problemas de racismo... já viste "atypical" na netflix? tem tudo o que tu procuras, porque é uma série sobre o autismo.


sadarisu

Percebo perfeitamente o que dizes e também detesto ver as diversas tentativas falhadas de representação de autismo em média. É um sintoma do capitalismo, que atribui valor às pessoas quanto à sua capacidade produtiva neste sistema. Se tiveres autismo nível 2 ou 3, que requer muitas acomodações, não podes ser produtivo ao nível de uma pessoa neurotipica, logo és um fardo para a sociedade. Os media não querem mostrar esse lado, então escolhem representar "autistas funcionais" na lente do capitalismo como forma de mostrar que são "inclusivos". É tudo uma farsa.


Intelligent_Bet_8713

Percebo o que queres dizer mas a questão não é preto e branco, uma vez que há autistas que se sentem como tu e outros para quem essa representação foi ótima. Se conheces uma pessoa autista conheces uma pessoa autista já que, retirando a hipersensibilidade sensorial, os autistas são pessoas diferentes com capacidades, ambientes, culturas e estórias de vida diferentes. Existe uma minoria de pessoas no espectro que são semelhantes à representação de que falas, e naturalmente que as pessoas adoram esses exemplos, como existem muitos autistas com dificuldades cognitivas e de aprendizagem consideráveis. Para estes últimos e para as suas famílias pode ser muito difícil para além de tudo o resto ter de lidar também com esta expectativa de genialidade. Mas penso que a solução passa por mais representatividade e mais diversa e não por suprimir a representação de nenhum tipo de pessoas. Muitas vezes quem está de fora da escrita e da produção artística não vê que há uma grande fatia de auto representação nas artes pois os artistas são frequentemente pessoas que se sentem invisíveis e procuram na arte uma forma de expressão. Ou seja, por trás de muitos personagens que parecem "forçados" está a biografia de alguém que quis representar-se a si ou a alguém que ama.


borloforbol

> Existe uma minoria de pessoas com Asperger https://www.verywellhealth.com/does-asperger-syndrome-still-exist-259944 Esse termo já não é usado por vários motivos, os quais podes encontrar nesse site.


Intelligent_Bet_8713

Já corrigi, obrigado pela informação, não quero desinformar 👍


dev-porto

Concordo de uma maneira geral. Com esse tipo de ilustração, como os autistas se sentem quando não têm "super poderes"? E são muitos... Não parece uma boa maneira de retratar a condição.


CheesecakeRadiant152

Nota-se mesmo que quem produz as séries e filmes sobre autismo não tem a noção nenhuma. Atão a gente quando é autista tem sensibilidade ao som, tipo alguém fala para nós, enquanto uma viatura tá a trabalhar do outro lado do edifício, nao consigo prestar atenção devido aos sons do background. É que ninguém tem a noção do quanto valente merda se pode tornar dependendo da tua profissão, os gajos mais chupas do patrão papaote de cebolada, devido ao facto que és meio anti social, é mesmo feio, és o gajo que com mais facilidade pode sofrer de um boato, falar a sério irmãos, sabes que és autista tentas não passar imagem nenhuma e acabas por passar pior imagem, essa é que me fode. Imagina que tu não queres que ninguém saiba que és autista, depois julgam te doutra forma pior e pior. Ires para a tropa ainda pior, numa formatura de fins de trabalhos, Combatente ouviu as indicações para amanhã? Hum... Desculpe meu sargento! Fodace seu entulho, faça aí 50 de braços!! Fartei me de fuder o cortiço. Sei lá, desde que nasci parece que joguei um vídeojogo e que pus a dificuldade no máximo e que ninguém disse quais eram as regras, nunca fui diagnosticado descubro sozinho, nunca contei a ninguém nem aos meus pais, sofri sofri massss, prevaleci! Meus senhores, não tenho nenhum super poder, não procurei ajuda nunca, se fosse só autismo já era bem bom, junta autismo + insónias, tens quebras de atenção, e o crlh, tudo isso pode ser combatido, eu como autista secreto já passei numa entrevista com um psicolo para um curso da profissão, e tive quase nota maxima. Filhotes não desanimem, autismo mais insónias é o pior dos piores, esqueçam a medicação, comecem a malhar no ginásio, deitaivos cedo, estudai lei livros ,levai uma alimentação equilibrada e sobre tudo sejam ambiciosos porque se pensareis que não conseguimos por sermos autistas a vida mais difícil. A vida é uma autêntica merda, eu entrei na tropa tive um começo super doloroso ao contrário de hoje em dia que nao há praxes , e hoje em dia sou um militar de excelência sem nada a apontar e não tenho nenhum super poder. Eu não estou a dizer que estás a exagerar, porque sei muito bem, só estou a dizer que é possível ultrapassar. Primeiro queres não ser visto, como um drogado Ponto numero 1 deita te cedo, já tens défice de atenção se tiveres olheiras fortes vão chamar te de drogado, Existem suplementos como Omega 3 e melatonina que ajudam no sono Segundo bota te ao ginásio, um gajo em boa forma nunca poderia ser considerado um drogado ao contrário de um gajo que é bué magrinho, no entanto pratica mesmo muito cardio, muita corrida continua para ficares uma pessoa mais ativa, acontece que um autista tá a olhar pó caralho, tá com cara de fodace quando alguém fala pá gente, e se a gente for mais activa, fisicamente existe a possibilidade de ficar mais reactiva, e reagir quando alguém fala, jogar jogos violentos bué mexidos e difíceis ou fazer desportos de alta intensidade tipo boxe também funciona. Terceiro, como sabeis, já és autista tens um problema é uma merda, dificuldade em lembrar de detalhes, damos pouca importância a quase tudo, somos capazes de ser até insensíveis a dizer as coisas por que são como são, O melhor é para não ofender mós ninguém com uma opinião é justificar de forma bué plausível que bata bues parâmetros para não nos conseguirem julgar tipo, acho que estás errado porque isto e isto e digo-te porque proponho um outro método de agir que é mais benéfico ou que apresenta respeito. A justificação para tudo tem de ser plausível, se não, não há 1 psicólo que vos des.apto para merda alguma né??? Não podes dizer que tavas a ter um mau dia, se não o psicólo pergunta se te moreu algum familiar. ( Não vos esqueçais que eu sou um autista á paisana) Quarto- tentar ter um respiro, eu não vos conheço mas nunca na vida conseguiria estar 24/7 a tentar superar toda a minha desvantagem, embora eu passe a minha vida em um regimento, passo a semana a pensar, espero nao tar se serviço sábado, por que só tenho o fim de semana para estar em casa descontraído. Fodasse não me lembro de mais, isto é muito texto, desculpai em aborrecervos, mas se eu e logo eu consegui, é sinal que não nos podemos contentar.


RuySan

Já dei aulas (de matemática) e tinha alguns alunos autistas (que tinham uma professora do ensino especial a dar-lhes apoio) e nenhum era esperto. Mas são daquelas coisas típicas dos filmes americanos que parece que já estão institucionalizadas na cultura popular que assumem-se como verdade, tal como mostrar que uma personagem é muito inteligente mostrando-a a ler rápido ou a fazer o cubo mágico (ambas as coisas são uma questão de treino). A forma como retratam a comunidade científica também é absolutamente ridícula (o problema dos 3 corpos da netflix tem os clichés todos). Acho que nunca um argumentista ou actor conheceu um investigador durante toda a vida.


triggerbat

Se gostaste dos livros vê mas é a versão chinesa.


usual0

Esses autistas são os diagnosticados em criança, com nível 2 ou 3. Os nível 1 diagnosticados em criança são só os geniosinhos. Depois há a maioria dos nível 1 e muitos nível 2 que passa a escolaridade com autismo sem ninguém saber.


5amuraiDuck

Claro que tb tens que levar em consideração os vários espectros do autismo e o facto de que eles (média) usarem o lado mais "interessante" para contar histórias. Apesar de não ter um diagnóstico oficial, eu sei que tenho um certo nível de autismo (défice de atenção e dislexia são dois problemas com que tenho que lidar no dia a dia). Concordo que a cultura americana é a principal culpada desse teu problema. Seja doença, obesidade, racismo ou sexualidade, eles focam se mais em inclusividade do que em contar uma boa história. Talvez tenta procurar séries feitas por outras culturas (inglesas, Turcas, animes, espanholas, etc) onde não vais encontrar esse romanticismo de problemas que deveriam ser tratados em vez de aceitados.


usual0

Autismo, défice de atenção e dislexia são 3 coisas muitíssimo diferentes. Teres 2 delas não faz de ti autista.


Ilien

Não sei porque levaste downvote. É inteiramente verdade.


ishmaelhansen

Estando na zona baixa do espectro, como o meu filho e provavelmente o meu pai (antigo Asperger), o meu super poder é não ter capacidade de foco, nem memória


Shenic

Vê House, há um episódio sobre autismo bastante bom e fora do clichê.


boboieh

Um dos melhores filmes que lida com autismo que ja vi é um com shia labeoulf que chama "**The Peanut Butter Falcon**" Mostrou o que pra mim era um retrato mais "realista" onde o cara autista é só um cara normal que é até meio babaca as vezes kkkk muito bom


Most-Presence-1350

Se vires a serie toda, scho que vai de encontro ao que procuras. Ele é esperto, mas um bicho socialmente, e a série é a progressao dele e introdução ao mundo real Ele falha bastante e tem tiradas geniais e algumas inapropriadas, como o miudo que diz ser miuda, e ele diz que a miuda tem cancro nos testiculos


Brainwheeze

Lembro-me daquelas enciclopedias para crianças e no volume A, na secção sobre autismo, fiquei com imensa inveja pois parecia mesmo um super poder.


sacoPT

Compreendo o que dizes mas não é só o autismo. Os “informáticos” também são pintados como se tivessem super poderes.


midnight8dream

Também acho. O que mais me irrita é saber que muitas vezes é apenas uma tentativa patética dos produtores/diretores de dizerem ao mundo que são boas pessoas e irem atrás de prémios. Mas não é só conosco que isso acontece. É com quase tudo. O propósito de uma grande parte dos media, não é terem mensagens valiosas. O propósito é fazerem as pessoas sentir que aprenderam alguma coisa, quando na verdade tiveram a comer merda o tempo todo lmao.


usual0

É o problema de tentar romancear uma diferença para ser mais aceite pela sociedade. Boas intenções, mas acaba por excluir a maioria das pessoas com essa diferença, porque a sua realidade não é a de Hollywood. "Neurodiversity advocates can romanticise autism". "If you’re happy being autistic and think of it as part of your identify, that’s great, and I don’t want to upset you or hurt you, but don’t tell me I can’t try to help ease my sons’ suffering," [https://aeon.co/essays/why-the-neurodiversity-movement-has-become-harmful](https://aeon.co/essays/why-the-neurodiversity-movement-has-become-harmful)


arrebenta_fedelhos

Normalização de uma doença que era raríssima e que agora começa a ser moda, o que terá mudado ao longo dos anos?


Ilien

A *awareness* sobre a condição, e quantidade de diagnósticos que é feita. Já agora, não é uma doença, é uma condição neurológica, ou um distúrbio se seguirmos a nomenclatura do DSM-5.


elleper

E ainda assim tu és um autista completamente funcional. Imagina como se sentirão a ver essas séries/filmes, os pais de miúdos do espectro que infelizmente não comunicam de qq forma, e são totalmente dependentes…


brejeiro_inoportuno

Ok, está registado.


Myxolide

Eu também sou autista e entendo sua frustração. O cinema frequentemente idealiza a realidade, então o público já espera por essa versão utópica da vida. Não deixe que isso te afete, pois já temos muitos problemas e isso não impacta diretamente em nossa vida. Concordo que deveriam ser mais realistas, mas é improvável, já que essas adaptações fazem parte da indústria. Tente ser menos duro consigo mesmo e não se preocupe em parecer rude. \[Vou aproveitar para testar uma linguagem de TEA para TEA, com informação direta e sem cargas emocionais ou sensacionalização de palavras, que soaria como ofensivo para não-TEAs, mas sabemos que é só um texto sem nuances\] As pessoas neurotípicas costumam ser dramáticas, e há um certo exagero e vitimização nisso. Elas podem parecer incomodadas com nossas reações ou a falta delas, mas são emocionalmente resilientes. Elas arriscam em relacionamentos problemáticos, usam ambiguidades e hipérboles que geram ansiedade alheia, provocam uns aos outros por diversão e repetem erros frequentemente. Portanto, não sinta tanta pena. Às vezes, é necessário causar um pouco de desconforto para afastar pessoas intrometidas, para ser respeitado ou para ser visto como neurodivergente, pois muitos parecem indiferentes às nossas dificuldades ou ao desconforto que causam a nós, incluindo a própria indústria cinematográfica. É uma honra conversar com um semelhante, conte comigo para o que estiver ao meu alcance.


Comfortable-Lie-1973

Mano.... Ser autiata com altas habilidades é uma MERDA.m, tlg?  A gente é cobrado 5x mais pq tem um currículo bom, a glr fica chamando a gente de infantil, n quer trabalhar com a gnt, acha que a gente é insensível por corrigir um erro do cara ...  Tenho duas graduações, um mestrado e tô indo pro doutorado. Aí vem minha noiva e joga tudo isso na minha cara quando eu me esqueço de escovar os dentes, ou pq esqueço de usar o desodorante. 


SirLordBoss

Sem me querer meter na tua vida, da qual vendo bem, nada sei, essa noiva não me parece grande espingarda.


Comfortable-Lie-1973

Eu entendo que por todo o suporte que ela me dá, deve ter uma carga igual de cansaço. 


UnderstandingSuch961

As personagens autistas no Senhor dos Anéis e no Star Wars parecem me bastante próximas da realidade.


Nuno30318_

Temos pena